02 abril, 2011

UM ABSURDO, PREFEITURA DE SÃO LUÍS!

 A Prefeitura de São Luís foi autuada ontem à tarde pelo Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) por devastar uma área de mata fechada pertencente a microbacia do rio Calhau, em frente à Estação Ecológica do Rangedor, às margens da Avenida Luis Eduardo Magalhães (ao lado da Assembleia Legislativa).

Há um mês funcionários de uma empresa terceirizada contratada pela Semosp (Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos) cortam a mata.

A prefeitura pretende construir no local o hospital de emegência prometido ainda durante a campanha pelo prefeito João Castelo (PSDB).

No local existem vários olhos d’água que formam o rio Calhau, diversas espécies de árvores e plantas como vitórias-régias, aves e animais – macacos, tatus, raposas, siricoras, jandaias (espécie de papagaio) e grande variedade de borboletas.

O homem identificado João Pierre Filho, da empresa terceirizada, foi autuado pelos guardas do batalhão. O BPA exigiu uma licença ambiental para derrubada da mata, que não foi apresentada. Foram apreendidos três foices, um machado e um facão com os devastadores.

Os policiais deram cinco dias para a apresentação da documentação. “A prefeitura tem uma Secretaria de Meio Ambiente que poderia perfeitamente cuidar dessa questão. Até lá, qualquer intervenção nessa área está vetada”, disse o tenente Vera Cruz.

A ambientalista Érica Nogueria disse que o procurador da República Alexandre Soares expediu documento à Sema (Secretaria do Meio Ambiente) no sentido de ser criada uma undidade de conservação ecológica, espécie de extensão do Sítio Rangedor. A área pertence a particulares.

“É um absurdo a prefeitura querer construir um hospital nessa região onde sequer passa linha regular de ônibus. Essa obra vai terminar de matar o rio Calhau e várias espécie de animais e plantas que sobrevivem desse ecossitema, disse ela.


01 abril, 2011

O trabalho do Geógrafo na sociedade


O Geógrafo vê o mundo de muitas formas.
A pessoa que se forma em Geografia é chamada de Geógrafo, durante o curso é possível se graduar em licenciatura e bacharelado ao mesmo tempo, ou somente em um dos dois.

O profissional licenciado atua na docência e em todos os níveis do ensino (fundamental, médio e superior). O Geógrafo bacharel desenvolve atividades no seguimento de pesquisa e suporte técnico direcionados a diversos tipos de temas, em áreas urbanas, rurais, florestais entre outros.

Os principais ramos de atuação do Geógrafo:

Meio ambiente e estudos ambientais

• Elaboração de EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), além de avaliar, fornecer laudos técnicos e manejo dos recursos naturais.

• Projeto de recuperação de áreas degradadas e gerenciamento ambiental.

• Controle do uso das bacias hidrográficas e das áreas de conservação ambiental.

• Elaboração de projetos preventivos contra processos erosivos, assoreamentos e também recuperação de áreas com presença de erosões.

Planejamento urbano e populacional

• Elaboração de planos diretores para cidades, zonas rurais entre outros.

• Organização territorial.

• Instituir e administrar sistemas de informações geográficas.

• Gerenciamento na implantação de redes de transportes que oferecem condições de fluxo de pessoas, mercadorias e serviços.

• Estudo de mercado em diferentes escalas (local, regional e internacional).

• Análise de regiões e seus aspectos para realização do planejamento.

• Estudos diversos acerca das populações e suas relações econômicas, sociais, culturais, políticas e demais assuntos relacionados.

Cartografia

• Realização de mapeamento direcionado a inúmeros temas de abordagem.

• Construção e elaboração de mapas e cartas que delimitam territórios municipais, estaduais, nacionais e internacionais.

• Elaboração e análise de cartas de declividade ou topográfica e o estudo do relevo.

• Interpretação de foto aérea, imagem de radar, imagem de satélite e sensoriamento remoto.

• Geoprocessamento, uso do GPS e de programas de computador direcionados à cartografia.

Turismo

• Parecer técnico de potencial turístico e gerenciamento dos mesmos.

• Implantação de projetos ligados aos serviços do ecoturismo.
Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

Acidentes nucleares no Japão

Depois do tsunami ocorrido no dia 11 de março de 2011, o Japão teve que enfrentar uma crise em suas usinas nucleares que tiveram suas estruturas ameaças pelo forte terremoto. Situada no nordeste do Japão, Usina de Fukushima foi a mais vulnerável entra das demais usinas do sistema de produção de energia do pais.
 
Desde o dia 11, em virtude do terremoto e do tsunami ocorrido na região, a usina de Fukushima teve várias explosões gerando panes e desequilíbrios em seus reatores. As explosões elevaram o nível de radiação no ar que atingiu oito níveis a mais em comparação às condições normais ao redor do reator nuclear.
O governo japonês deslocou centenas de pessoas que moravam num raio de 30 km na região onde estão instaladas as usinas. A situação também foi acompanhada pela Unscear (Comitê Científico da ONU sobre os Efeitos da Radiação Atômica).
No dia 13 de março, a radiação liberada pela usina de Fukushima já havia superado o limite legal de radiação, alcançando um nível de radiação de 882 microsievert, sendo que o limite é de 500 microsievert. No dia 14 de março, a usina de Fukushima sofreu uma nova explosão, totalizando três explosões em menos de uma semana.
Segundo a Tepco (Tokyo Electric Power Co), as duas primeiras explosões ocorreram por causa do acúmulo de hidrogênio, enquanto que a terceira ocorreu na área da piscina de supressão de contenção do reator. Segundo a comunidade científica internacional, a situação não foi tão grave em comparação ao acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, ocorrido em 1986.
Nos primeiros dias, o acidente nuclear japonês feriu militares e 15 funcionários. O grande problema ocorreu na usina nuclear de Fukushima 1, por causa do terremoto, o sistema de refrigeração da usina nuclear ficou vulnerável. Atendendo a um pedido do governo japonês, o EUA colaboraram no processo de controle das usinas nucleares.
No dia 15 de março, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica da ONU) afirmou que a radiação na capital Tóquio estava acima do normal, mas não afetaria a saúde das pessoas, porém, o governo aconselhou que as pessoas permanecessem em suas casas, até a radiação diminuir no decorrer das horas seguintes. O governo japonês também estabeleceu uma zona de exclusão aérea nas regiões monitoradas.
Segundo a agência, o ser humano cotidianamente está exposto a uma radiação média de 2,4 milisieverts. As pessoas que vivem nos arredores de uma usina recebem 1 milisievert a mais durante o ano.
Fontes:
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/03/14/governo-japones-confirma-terceira-explosao-em-usina-nuclear.jhtm
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/887980-radiacao-supera-limite-permitido-na-usina-de-fukushima.shtml
http://g1.globo.com/tsunami-no-pacifico/noticia/2011/03/explosao-e-ouvida-em-reator-da-usina-de-fukushima-1-no-japao-diz-agencia.html
http://noticias.br.msn.com/mundo/artigo-bbc.aspx?cp-documentid=28010476
Foto: http://www.nydailynews.com/news/world/2011/03/15/2011-03-15_japan_nuclear_crisis_workers_halt_desperate_struggle_to_stop_meltdown_at_fukushi.html

Geografia Rural

Geografia rural  é um termo utilizado para a definir a área de pesquisa dedicada à utilização racional do meio rural como um todo, considerando sua relação com o meio urbano, os aspectos de contato do homem com o meio, as diversas formas de utilização deste mesmo meio, incluindo-se neste raciocínio práticas como a mineração, silvicultura, a exploração turística do meio, bem como a pesquisa de manejo sustentável dos recursos ali disponíveis. De acordo com essa breve definição, a área de estudo da geografia rural claramente não se confunde com a da geografia agrária ou agrícola, termos muitas vezes interpretados como sinônimos para a mesma matéria. Tanto é verdade que a geografia agrária ou agrícola, ao invés de se concentrar em todos os aspectos da vida rural, direciona seu foco à questão do cultivo da terra, às técnicas de utilização do solo para a obtenção de uma safra de qualidade superior, a orientação do agricultor sobre os gêneros a serem explorados economicamente, o direcionamento meramente exploratório da produção em detrimento da economia local, ou então o atualíssimo problema do abastecimento das áreas urbanas, sendo que estas mesmas ironicamente vem minando a capacidade produtiva do meio rural.
A preocupação da geografia rural tem, portanto, um tom mais universalista, pois ela irá estudar a evolução das áreas e estruturas rurais e sua conexão com o processo civilizatório. Tome-se como exemplo o espaço brasileiro: o campo para a geografia rural assenta-se no estudo das diferenças gritantes entre as paisagens do Sul e Sudeste versus as do Norte e Centro Oeste. No primeiro grupo, temos a destruição quase que por completa da vegetação original e modificação substancial do terreno para que pudessem florescer as culturas de cunho capitalista, vindo primeiro a cana de açúcar e posteriormente o café, substituindo por completo a paisagem canavieira. Some-se a estas considerações a ocupação humana cada vez mais intensa, os vários movimentos e migrações de diferentes povos e trabalhadores, o impacto da infraestrutura trazida com a economia baseada nos latifúndios, e o seu conseqüente movimento de capitais. Já nas regiões Norte e Nordeste, o processo de desenvolvimento da agricultura capitalista está ainda em formação, tomando o lugar de uma produção de subsistência e extrativismo estabelecida em um já remoto período colonial.
Os estudos de geografia rural sofreram importantes transformações nos últimos trinta anos, já que no início se concentravam em matérias bastante semelhantes às da geografia agrária, como por exemplo a descrição do quadro agrário ou então abordavam a distribuição espacial de produtos agrícolas e rebanhos, ou mesmo o acompanhamento da expansão do espaço agrário por meio de colonização nacional ou estrangeira. Tais estudos foram gradualmente assumindo formas diversas, e a geografia rural assumiu aspectos conceituais, metodológicos, concentrando suas atenções em problemas como os aspectos e estrutura da dinâmica populacional.
Atualmente a geografia rural assume um aspecto globalizante, entendendo o termo “estudos rurais” em seu sentido o mais amplo possível. Seu objetivo é, além de estudar, classificar e entender o meio o qual se dedica, é o de contribuir de modo efetivo para o maior progresso de seu objeto de estudo.
Bibliografia
http://www.campoterritorio.ig.ufu.br/include/getdoc.php?id=698&article=307&mode=pdf
. Andrade, MC de. GEOGRAFIA RURAL: QUESTÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS E TÉCNICAS - originalmente em – BOLETIM DE GEOGRAFIA TEORÉTICA. vol. 25, nº. 49-50. /1995. Anais do XII Encontro Nacional de Geografia Agrária. Vol. 1, AGETEO – Rio Claro. 1995. p. 3-14. (Mesa redonda).
http://www.campoterritorio.ig.ufu.br/include/getdoc.php?id=79&article=54&mode=pdf. Gusmão, Rivaldo Pinto de. OS ESTUDOS DE GEOGRAFIA RURAL NO BRASIL: revisão e tendências – originalmente em – Anais do 3º Encontro Nacional de Geógrafos, AGB/UFC, Fortaleza, 1978, como documento básico para a Sessão Dirigida sobre Estudos Rurais. p. 57-62.

Acesse o link do site do IBGE e fique por dentro de todos os dados referentes ao Censo Demográfico 2010

INFORME-SE:

http://www.ibge.gov.br/censo2010/resultados_do_censo2010.php

Artigo Científico - Globalização e Degradação Ambiental: Dialética da Relação Entre Sociedade Industrial e Natureza


Com base em uma vasta literatura, pretendemos trazer através do presente trabalho, uma reflexão acerca da globalização tal como ela é na atualidade e sua gênese em uma perspectiva histórico-geográfica, buscando entender as dinâmicas sócio-ambientais no espaço geográfico na atualidade.
O homem, ao longo de sua história, enquanto um ser social, busca na natureza as suas necessidades de sobrevivência, como a sociedade está sempre em processo de mudança de hábitos em momentos históricos distintos, ela estará sempre construindo o espaço e ao mesmo tempo, sendo construída por ele, em uma relação que muitas vezes não é harmoniosa, principalmente, em tempos em que o consumo é o ópio e muitas necessidades são inventadas pelos grandes grupos hegemônicos, as grandes corporações capitalistas, a fim de que o mercado e os lucros cresçam cada vez mais, num processo em que a dinâmica natural do ambiente não consegue suportar, surgindo assim, os vários problemas ambientais da atualidade.
Este trabalho não vem encerrar o assunto em pauta, visto que este é bastante amplo e traz um leque muito grande de discussões em vários aspectos, assim, buscamos trazer reflexões úteis a sociedade, buscando em todo momento estimular o pensamento crítico e a capacidade de apreender uma determinada realidade, muitas vezes escondida ao olhar em sua forma física.
Num primeiro momento, será abordado o tema da globalização, algo fundamental para posteriores explanações acerca da crescente degradação ambiental, o que constitui um fenômeno global e de grande preocupação das autoridades mundiais comprometidas com o bem estar da humanidade, por último, serão apresentados os grandes problemas ambientais globais e os malefícios causados para a sociedade, bem como, a possibilidade de uma outra globalização a partir da conscientização da sociedade na importância da busca por um mundo melhor, para tanto, é fundamentado em uma sólida base teórica em uma bibliografia humana e comprometida com a realidade.
O presente trabalho, busca abordar o tema, em consonância com a importância do cunho social de todo e qualquer conhecimento científico, perdendo o seu valor se não trouxer benefícios para a sociedade, uma existência inútil, é nessa perspectiva que procuramos trabalhar o tema proposto.

Desenvolvimento

Para compreendermos o atual momento histórico em que vivemos, se faz necessária, uma abordagem histórica acerca das formações sociais e os sistemas econômicos existentes no passado até chegarmos a era globalizada na qual será focada na análise do presente trabalho.
Segundo historiadores, o comunismo primitivo foi a primeira formação social da história, os homens se reuniam em pequenos grupos e dividiam entre si os frutos e os animais encontrados, como instrumentos de trabalho eram utilizados restos de animais e rochas oferecidos pela natureza e posteriormente aprendeu a fabricar instrumentos de rochas e descobriu que batendo uma rocha em outra saiam lascas que poderiam ser utilizadas como objetos cortantes.
A partir da descoberta do fogo, tendo como matéria-prima ramos e folhas, o homem esteve mais seguro pois assim poderia afastar os animais ferozes e aquecerem-se nos dias frios, esse período é chamado de Paleolítico ou idade da pedra lascada que se inicia á aproximadamente 2,7 milhões de anos e vai até 1.000 a. C.. De aproximadamente 4.000 a. C,. até 1.000 a. C. acontece a revolução neolítica onde o homem aprende a agricultura e não depende mais da coleta, mas passa a produzir seu próprio sustento, com essa fixação vem abrir caminho para a organização de estruturas sociais e políticas cada vez maiores e mais complexas às margens de grandes rios.
Ao final desse período começa o uso dos metais onde fabricava-se armas e outros utensílios úteis, sem podermos precisar essas datas, estima-se que o bronze foi utilizado à partir de 4.000 a.C. alcançando a Europa e o mundo mediterrâneo cerca de 2.000 anos depois.
Continuando essa história-existência da humanidade quero citar o “Modo de Produção Asiático” que consistia em um sistema econômico onde o meio de produção, a terra, pertence ao Estado, e este como gerenciador e administrador da produção do excedente permite a utilização da terra em troca de tributos, (trabalho ou produto), essa relação de produção é baseada na servidão coletiva.
Surgem os Modos de Produção Escravista, onde a princípio não era o negreiro, e sim onde se adquiria escravos à partir de guerras e de dívidas, o Modo de Produção Feudal, que era essencialmente agrário, sendo a terra a principal fonte de riquezas. Era um sistema comunitário de cultivo que não buscava a renovação das técnicas pois qualquer inovação dependia da aprovação da comunidade aldeã, que por conseguinte gerava uma estagnação técnica.
A produção econômica concentrava no feudo ou senhoria rural pertencente à um senhor feudal leigo ou eclesiástico. Nele, a produção destinava-se à subsistência e buscava uma auto-suficiência do grupo por isso haviam outras atividades além das agrícolas como a criação, a indústria caseira e o comercio local onde era restrita a circulação ainda a unidade territorial e político-jurídica da sociedade feudal. A concessão de terras aos camponeses implicava a obrigação de prestar serviços e de dar ao senhor, parte da produção.
A partir do Século XI a Europa entrou numa fase de estabilidade que resultou no renascimento da atividade econômica devido à expansão das áreas produtivas, o emprego de novas técnicas na produção transformaram a vida econômica européia passando à produzir mais com menos trabalho, o camponês se tornou mais forte e resistente fazendo diminuir a taxa de mortalidade. A princípio, a atividade comercial era exercida dentro dos feudos. Pouco a pouco, porém, a circulação de riquezas foi aumentando, tornando-se necessário o reaparecimento das moedas para facilitar as trocas. Com tudo isso, conseguiam não só a renda pela posse da terra, mas acumular riquezas, modificando completamente a noção de riqueza existente até então, assim, ao longo dos séculos X, XI e XII, apesar do feudalismo permanecer como sistema dominante já se vê os traços de uma nova ordem.
No decorrer da história, com vários pontos favoráveis como a monetarização e o desenvolvimento do comércio e mais adiante com o intenso desenvolvimento das técnicas e a Revolução Industrial no século XVIII o Sistema Capitalista surge como um sistema de apropriação da mais-valia tendo uma distinção entre os burgueses e o proletariado sendo os donos dos meios de trabalho e os trabalhadores que vendem a sua força de trabalho, assim no século XIX e primeira metade do século XX ele se estrutura e consolida como sistema dominante frente ao socialismo que era um grande opositor.
No tempo contemporâneo, segundo Santos (2000), percebemos o massacre da Globalização que analisaremos posteriormente e o Neoliberalismo que consiste em uma doutrina em que prega-se a liberdade de mercado, sem a intervenção do Estado, a privatização, onde o Estado passa a ser apenas um zelador, um criador de leis que raramente são cumpridas pela sociedade, não sendo dono da produção que se concentra nas mãos de poucos e muitos são “coisificados” e transformados em um mero objeto de trabalho.
Para o desenvolvimento e manutenção desse novo sistema ainda mais perverso e excludente era necessário que o abismo em uma sociedade de classes se tornasse ainda maior entre os burgueses e os proletários, isso devido a necessária espoliação e produção de mais-valia para a manutenção de tal sistema, aumentando a riqueza de um pequeno grupo e excluindo a grande maioria da população mundial tal qual vemos hoje através das estatísticas, essa nova fase da economia mundial constitui também o momento histórico de maior degradação do meio ambiente.
A globalização é um processo acentuado principalmente nas últimas décadas, impulsionado pelas inovações técnicas que tem surgido e se aperfeiçoado rapidamente diante dos nossos olhos, onde, um piscar de olhos é o bastante para que tudo se atualize. Um outro fator impulsionador é a velocidade da transmissão de informações com o emprego constante das técnicas sobre esse campo, atingindo milhões de pessoas instantaneamente principalmente através da internet, TV, rádio, etc... Sistemas via satélite ou não que atingem todo o planeta.
Outro traço marcante da globalização é a mundialização da economia onde nos parágrafos posteriores detalharemos os seus impactos sobre o espaço, é também um período de mudanças nas relações pessoais pois traz uma influência muito forte sobre a cultura dos povos, sobre a religiosidade e vários outros campos da vida como veremos adiante. Segundo Milton Santos:


“A globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. Para entende-la, como, de resto, a qualquer fase da história, ha dois elementos fundamentais à levar em conta: O Estado das técnicas e o Estado das Políticas.” (SANTOS, 2000, p.23).


O elemento ideológico impregnado nos discursos atuais, é o de nos fazerem crer em uma globalização fabulosa, algo espetacular e que só traz benefícios para a vida humana, nos fazem crer em uma globalização onde todos estamos no ápice da utilização dos meios técnicos e informacionais, fazem-nos sentir como reis e rainhas da técnica e da informação, uma interpretação sólida e que dificilmente a maioria da população consegue romper e viver a realidade, isso porque a máquina ideológica começa a funcionar e a manipular. Essa máquina é a grande mídia, algo com um poder arrasador e que cria pensamentos conforme a necessidade dos grupos dominantes. Um exemplo muito claro dessa máquina ideológica é o do ataque às Torres Gêmeas em 11 de Setembro de 2001. Raríssimas pessoas não se lembram desta data, onde a mídia mundial se ocupou de noticiar o incidente a todo tempo, assim que ocorreu o fato imediatamente as Tv’s do mundo inteiro mostravam ao vivo as imagens do prédio em chamas, diante disso a imprensa americana mostrou-se bem afinada, não abrindo nenhum espaço para o pensamento crítico, não querendo aqui entrar no mérito da questão do conflito, mas mostrar a força da mídia.
É dessa forma, através da grande mídia capitalista sob o controle dos grandes grupos hegemônicos que o consumo é estimulado, assim, a grande produtividade e a busca de matérias-primas das indústrias na natureza, a grande poluição oriunda do processo produtivo, seja da atmosfera, das águas, grande quantidade de lixo lançada no ambiente, etc.. o que vem agravar os problemas de saúde das populações.
Segundo Santos (2000), estima-se que a globalização favorece apenas 1/3 da população mundial enquanto 2/3 ficam de fora. Como podemos perceber não é a maioria que tem acesso a informática, não são todos que podem viajar o mundo e conhecer outros continentes, com relação a renda é uma minoria que desfruta de todas as regalias oriundas do capital mundial.



“Há uma busca de uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos, mas o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado.” (SANTOS, 2000, p.19).


O Estado é impelido a atender os reclamos das finanças e estimular o crescimento de grandes grupos hegemônicos internacionais, investindo no espaço a fim de facilitar os fluxos e cria incentivos a fim de facilitar a instalação de grandes empresas, uma ação destinada não a todas, mas a uma parcela de empresas que são as detentoras do grande capital mundial e que com o passar dos anos degradam cada vez mais o espaço de vivência, não se importando com os danos futuros para a sociedade, o que já vem ocorrendo, infelizmente já estamos colhendo os frutos dessa ação.
Enquanto isso, segundo Santos (2000), o cuidado com as populações locais é cada vez menor, os investimentos em infra-estrutura, moradia, alimentação, saúde e educação são menores. O conceito de Território é esquecido, o sentimento patriota é minimizado, as grandes empresas se instalam nos países que vão trazer um lucro maior com um custo de produção mais baixo, esses pontos são explorados, sendo retirado todo o potencial de lucro e podendo ser abandonadas a qualquer tempo, não havendo um vínculo, uma responsabilidade social, algo sustentável para determinado espaço, o que há é apenas uma usurpação dos recursos ali presentes em troca de alguns empregos, portanto, essa globalização exclui a maior parte dos territórios, empresas, instituições e pessoas.

Conclusão

A dialética homem/natureza está na base do processo de desenvolvimento e transformação das sociedades humanas. O espaço geográfico é um dos aspectos fundamentais da chamada “segunda natureza”, aquela criada pelo homem, conseqüência da prática social sobre a base material que constitui a “primeira natureza:


“A história do homem sobre a Terra é a história de uma rotura progressiva entre o homem e o entorno. Esse processo se acelera quando, praticamente ao mesmo tempo, o homem se descobre como indivíduo e inicia a mecanização do planeta, armando-se de novos instrumentos para tentar domina-lo. A natureza artificializada marca uma grande mudança na história humana da natureza. Hoje, com a tecnociência, alcançamos o estágio supremo dessa evolução. O homem se torna fator geológico, geomorfológico, climático e a grande mudança vem do fato de que os cataclismos naturais são um incidente, um momento, enquanto hoje, a ação antrópica tem efeitos continuados e cumulativos, graças ao modelo da vida adotado pela humanidade.” (SANTOS, 1997 p.17)


A evolução narrada até aqui, culmina na atual fase, onde nunca em toda a vida ouvimos falar em preservação da natureza, hoje a preocupação dos especialistas é muito grande quanto aos problemas oriundos da ação antrópica no planeta, hoje todos os dias ouvimos falar na grande mídia a respeito do aquecimento global, dos problemas relacionados a redução da camada de ozônio, da poluição e esgotamento dos recursos hídricos, seca e desmatamento em nossa Amazônia, entre outros. Chamamos então de “paraíso artificial” esta fase atual da humanidade, um avanço muito grande no campo das técnicas, que vem trazer ao homem um sentimento de superioridade e conforto em alguns casos, mesmo que este não seja beneficiado amplamente pelo atual sistema, porém, uma forma artificializada e tão racional que se torna “irracional” ao ponto de destruir a nossa própria casa e prisão (o planeta Terra).


“Sem o homem, isto é, antes da história, a natureza era uma. Continua a sê-lo, em si mesma, apesar das partições que o uso do planeta pelos homens lhe infligiu. Agora, porém, há uma enorme mudança. Uma, mas socialmente fragmentada, durante tantos séculos, a natureza é agora unificada pela História, em benefício de firmas, Estados e classes hegemônicas. Mas não é mais a natureza amiga, e o homem também não é mais seu amigo.” (SANTOS, 1997 p. 19).


A globalização perversa, na verdade poderia se tornar uma outra globalização, assim como enfatiza Santos (2000), em seu livro com o mesmo título, uma globalização onde fosse incentivada a mistura de povos, raças, culturas, gostos em todos os continentes, com a informação sendo difundida para todos uma grande mistura de filosofias, de ajuda e crescimento mútuo, seja financeiramente ou intelectualmente e em todos os aspectos do viver, sempre em harmonia e respeitosos dos direitos e deveres do seu semelhante, num ambiente onde nenhum objeto seja mais importante do que a vida de um ser humano, um ambiente onde cores serão apenas cores e que o vermelho não será das câmeras da mídia mundial filmando alguma execução oriunda de alguma guerra, a busca por uma verdadeira sóciodiversidade, onde em respeito mútuo as pessoas pudessem se misturar, com a população aglomerada pacificamente sem conflitos, assim como os benefícios das técnicas estivessem ao alcance de todos, buscando, de fato, um desenvolvimento sustentável, onde o meio ambiente pudesse se tornar novamente amigo da humanidade, em uma relação saudável e que não trouxesse prejuízo para ambas as partes por isso que:


“Nunca o espaço do homem foi tão importante para o destino da história. Se, como diz Sartre, “compreender é mudar”, fazer um passo adiante e “ir além de mim mesmo”, uma geografia re-fundada, inspirada nas realidades do presente, pode ser um instrumento eficaz, teórico e prático, para a re-fundação do Planeta.” (SANTOS, 1997 p. 39).


Que isso possa se tornar uma realidade nesses tempos em que a humanidade carece tanto de uma harmonia e uma volta aos valores espirituais e não meramente materiais da existência.

Referências bibliográficas

SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 4ª ed. São Paulo: Hucitec, 1997. 67p.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. 174 p.


CARLOS, Ana Fani Alessandri. A cidade. São Paulo: Contexto, 1992. 98 p.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: Da Crítica da Geografia à uma Geografia Crítica . 6ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. 285 p. (Coleção Milton Santos).

AQUINO, Denise e Oscar. História das Sociedades: Das Comunidades Primitivas às Sociedades Medievais. São Paulo: Editora Ao Livro Técnico.


SANTOS, Milton. Técnica, Espaço, Tempo – Globalização e Meio Técnico-Científico Informacional. 3ª ed. São Paulo: Editora Hucitec. 1997. 190 p.

GUERRA, Antônio José Teixeira. A Questão Ambiental – Diferentes Abordagens. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2007. 248 p.


COSTA, Luciano Vieira. Contribuições do Existencialismo no Estudo do Espaço Geográfico: Um Enfoque em Sartre. Juiz de Fora: Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. 2007. 56 p. Monografia (graduação).
 
FONTE:http://www.lucianogeo.com/2008/01/1-captulo-da-monografia-contribuies-do.html