19 janeiro, 2011

SAIBA SOBRE AS ENCHENTES

Logo depois dos problemas relacionados ao Saneamento Básico (água, esgoto e lixo), a Macrodrenagem é o tema ambiental que mais afeta a população que vive nas cidades que, segundo o IBGE, já é mais do que 80% do povo brasileiro.


5.1 - CAUSAS

Várias são as causas das enchentes urbanas mas, entre as principais, relacionamos as chuvas, o tipo de piso, lixo nos bueiros, erros de projeto (drenagem insuficiente) e a ocupação irregular do solo.


5.1.1 - Chuvas intensas. Hidrologicamente, são consideradas "intensas" as chuvas de curta duração e de alta intensidade. Existe um Manual de Hidrologia, de Otto Pfafstetter, que mostra a equação dessas chuvas para todo o Brasil. Algumas delas podem ser vistas nesta página. A relação das chuvas intensas com as enchentes é que, mesmo sendo rápidas, sua intensidade não permite que o volume precipitado escoe a tempo de não represar as águas nos pontos de estrangulamento, que costumam ser os bueiros e as pontes. A enxurrada, por outro lado, carrega consigo o lixo jogado nas ruas e encostas, reduzindo ou obstruindo os canos da drenagem pluvial, quando existem.


5.1.2 - Impermeabilização. Sem dúvida, este é o maior vilão das enchentes. O trajeto da água da chuva, depois que atinge o solo, segue 3 direções: para cima (evaporação), para o lado (escorrimento superficial) ou para baixo (infiltração); já que, para cima, só através da elevação mecânica ou bombeamento. Entretanto, só haverá infiltração se o piso for permeável ou semi-permeável, o que não acontece com o concreto, o asfalto, a piçarra e os paralelepípedos das ruas brasileiras. Ora, se não pode infiltrar, grande parte do volume precipitado, em vez de se dirigir para os lençóis subterrâneos, vai engrossar as águas do escorrimento superficial, agravando deste modo os efeitos das enchentes.


5.1.3 - Destino do lixo. A carência de cobertura na coleta do lixo nas áreas periféricas e de difícil acesso, aliada à falta de educação ambiental da população, faz com que o lixo seja jogado nos valões e nas encostas. Com as chuvas intensas, esse material é levado até os pontos baixos, onde estão localizados os canais, os rios e os bueiros. Não é difícil imaginar o que acontece em seguida: esse material é retido nos pilares e muretas das pontes,  diminui a seção dos canais e obstrui a passagem da água da chuva nos bueiros, causando as enchentes urbanas.


5.1.4 - Drenagem deficiente. Dentre as obras hidráulicas conhecidas, por incrível que pareça, o dimensionamento dos drenos é uma das mais complicadas, embora se resuma praticamente à escolha de um material de construção e o diâmetro interno. O Engenheiro pode até calcular corretamente mas, com o passar do tempo, aumenta a densidade demográfica e o conseqüente grau de impermeabilização do solo, e a drenagem passa a não atender à vazão das cheias.

5.1.5 - Ocupação irregular do solo. Este assunto tem a ver com as Posturas Municipais e o Plano Diretor e Urbanístico das cidades. Existem áreas nas cidades e arredores que não deveriam ser ocupadas: as margens dos rios, áreas de dunas e com matas nativas, as encostas acima de determinada cota, os mangues e outras. Constam do Código Florestal e da Lei de Áreas de Preservação Permanente. Além dos problemas de impermeabilização dos terrenos e do destino do lixo nessas áreas, sobressai a construção de moradias no leito dos canais, diminuindo sua seção transversal e, em conseqüência a vazão de escoamento, causando as enchentes urbanas.



5.2 - CONSEQUÊNCIAS

Várias são as conseqüências de um projeto mal elaborado de drenagem urbana e, na maioria das vezes, de sua completa ausência; das chuvas intensas; da ocupação irregular do solo; e dos maus hábitos da população com relação ao destino do lixo. Não importando a causa, as enchentes costumam provocar doenças, causar prejuízos e atrapalhar o trânsito, entre outras conseqüências.

5.2.1 - Leptospirose. É uma doença grave, causada pela urina do rato misturada à água das enxurradas, quando em contato com a pele. As outras doenças relacionadas ao lixo doméstico (cisticercose, cólera, disenteria, febre tifoide, filariose, giardíase, leishmaniose, peste bubônica, salmonelose, toxoplasmose, tracoma, triquinose, etc.), por ele fazer parte das enchentes urbanas, também merecem ser consideradas.


5.2.2 - Danos materiais. São de várias naturezas: desde a destruição parcial ou total dos imóveis, veículos, móveis e utensílios domésticos; perdas nas lavouras e produtos perecíveis armazenados; horas perdidas nos engarrafamentos de trânsito e ausência no trabalho; interrupções de energia e outros.



5.3 - ESTUDOS

Os estudos técnicos e sócio-econômicos relacionados às enchentes urbanas, com base nas suas causas imediatas, são necessários para à proposição das soluções. Em geral envolvem prioritariamente Engenheiros ligados à Hidrologia, Hidráulica e Saneamento, nesta ordem.


5.3.1 - Hidráulicos. Os estudos hidráulicos relacionados à drenagem dizem respeito ao cálculo da seção transversal da tubulação por onde deverá passar a vazão ou descarga máxima de uma dada microbacia hidrográfica urbana. Vale lembrar que, ao contrário das tubulações sob pressão, utilizadas nas adutoras e redes de abastecimento d´água, as tubulações de drenagem funcionam pelo princípio da gravidade e, portanto, o Engenheiro não deve prever, no seu dimensionamento hidráulico, que a água preencha totalmente o tubo.


5.3.2 - Hidrológicos. Os estudos hidrológicos, por outro lado, são bem mais complexos que os cálculos hidráulicos. Envolvem as chuvas intensas, a impermeabilização dos terrenos, densidade demográfica, etc. E não se limitam à preocupação com a água que passará nas bocas de lobo, bueiros, valas e tubos, mas também nos córregos e rios que atravessam a cidade.


5.3.3 - Sócio-econômicos. Os estudos sócio-econômicos dizem respeito, basicamente, ao nível de renda da população que poderá ser atingida pelas cheias, à localização geográfica das habitações construídas nas zonas de inundação, ao grau de atendimento pela Prefeitura e órgãos de saneamento nas áreas periféricas e aos custos das obras de drenagem necessárias para evitar as enchentes urbanas.



5.4 - SOLUÇÕES

Várias são soluções para evitar ou minorar as enchentes. Todas elas podem ser enquadradas em três grandes ramos: técnicas (hidráulicas ou hidrológicas), ambientais e legais.


5.4.1 - Hidráulicas. Como vimos anteriormente no ramo dos Estudos, as soluções de caráter hidráulico, resumem-se a drenos maiores (em diâmetro) ou em maior número. Em alguns casos, quando o canal de drenagem costuma transportar muito lixo, os estudos hidráulicos devem contemplar um dispositivo de retirada automática desse material num ponto da margem ou uma grade ou tela transversal ao fluxo.

5.4.2 - Hidrológicas. As soluções hidrológicas, embora sejam em maior número do que as hidráulicas, são pouco conhecidas e menos aplicadas no Brasil. Entre elas destacam-se:

a) captação da água da chuva, a partir dos telhados e pisos;

b) bacias de retenção, para aumentar o tempo de pico das enchentes;

c) bacias de infiltração, para diminuir a vazão máxima das enchentes;

d) pisos permeáveis, para aumentar a infiltração e diminuir o escorrimento;e

e) rio com mata ripária, para diminuir a velocidade média do escoamento.

5.4.3 - Ambientais. As soluções para as enchentes urbanas que estão relacionadas às práticas ambientais são as seguintes:

a) evitar desmatamentos, para que não ocorram os assoreamentos;

b) não jogar lixo em valões, para não obstruir os canais de drenagem;

c) aumento das áreas verdes, para aumentar a infiltração; e

d) revitalização de rios, para evitar as enchentes, entre outras razões.



5.4.4 - Legais. Entre os instrumentos legais para evitar as causas das cheias urbanas, destacam-se:

a) Plano Diretor Municipal;

b) Código Florestal; e

c) Agenda 21.







O GOVERNO SABIA

O JORNAL FOLHA DE SP DE 15/1/2011 PUBLICOU QUE O GOVERNO DO ESTADO DO RJ FOI PREVIAMENTE ALERTADO SOBRE RISCO DE DESASTRE NA REGIÃO SERRANA ATRAVÉS DE ESTUDO DA UFRJ CONCLUÍDO DESDE 2008 E PAGO PELO PRÓPRIO GOVERNO, MAIS SECRETÁRIO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE DIZ QUE "PRIORIZOU" OUTRAS ÁREAS!

O GLOBO DE 16/1/2011, PÁGINA 25 DESTACA QUE “DOCUMENTO DE 2009 JÁ APONTAVA
ÁREAS DE RISCO” – “AGENDA 21 IDENTIFICA PRIORIDADES PARA EVITAR TRAGÉDIAS”....ESTE DOC. ELABORADO PELO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E PELA
SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE COM O APOIO DA PETROBRAS, A AGENDA 21 COMPERJ JÁ HAVIA IDENTIFICADO, ENTRE 2007 E 2009, OS PRINCIPAIS PROBLEMAS, COMO OCUPAÇÃO IRREGULAR, ENFRENTADOS POR 15 MUNICÍPIOS DA REGIÃO....


COM SINISMO AS AUTORIDADES CULPAM "A NATUREZA" PELA TRAGÉDIA. ATÉ QUANDO A SOCIEDADE VAI CONVIVER COM ESTA IRRESPONSABILIDADE GOVERNAMENTAL?

ENQUANTO ISSO OS "LICENCIAMENTOS AMBIENTAIS FAST FOOD" CONTINUAM ACELERADOS SEM LEVAR EM CONTA O PLANEJAMENTO URBANO E AS QUESTÕES SOCIAIS, O RESULTADO SÃO TRAGÉDIAS ANUNCIADAS.

CRIOU-SE UMA ESPÉCIE DE "INDÚSTRIA DA CALAMIDADE" EM QUE NÃO HÁ INVESTIMENTO PÚBLICO EM PREVENÇÃO, E EM FUNÇÃO DISSO ROTINEIRAMENTE, A CADA ANO, DIANTE DAS TRAGÉDIAS E CALAMIDADES JUSTIFICA-SE O USO DE MILHÕES DE REAIS DE VERBAS PÚBLICAS EM OBRAS EMERGENCIAIS CONTRATADAS ÀS PRESSAS SEM LICITAÇÃO. ALÉM DE VIDAS HUMANAS VALIOSAS E PREJUÍZOS MATERIAIS INCALCULÁVEIS ANUALMENTE TEM SE PERDIDO GRANDE VOLUME DE DINHEIRO PÚBLICO QUE ESCORRE SEM FISCALIZAÇÃO E CONTROLE PELOS DRENOS INSACIÁVEIS DA CORRUPÇÃO.

DE LUTO.