12 outubro, 2009

ARTIGO - Roberto Rocha: Ciência Consciência

Na última quarta-feira a Comissão de Meio Ambiente da Câmara aprovou requerimento de minha autoria para promover uma reunião extraordinária no Vale do Mearim, tão logo baixem as águas. O objetivo é debater os efeitos das mudanças climáticas sobre a região, estabelecendo um programa piloto que habilite as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional para enfrentar os efeitos das chuvas.


Não podemos mais encarar esse flagelo apenas com medidas emergenciais, tomadas sob o efeito dramático da tragédia. A ciência nos alerta que, mercê das intervenções humanas na natureza, não nos cabe mais simplesmente prevenir, mas nos adaptarmos às suas inevitáveis conseqüências. Um dos mais respeitados cientistas do país, o Dr. Carlos Nobre, pesquisador titular do Instituto de Pesquisas Espaciais - INPE, tem chamado a atenção para o fato dos efeitos das mudanças climáticas serem já irreversíveis, o que exige do país a criação de uma agenda específica de adaptação que proceda aos ajustes nas condições de alimentação (agricultura), de assistência à saúde, de moradia e de infra-estrutura.


Pretendemos com a reunião aproximar a autoridade da ciência da arena política, ampliando os holofotes sobre essa grave questão. Ciência e consciência, é esse o caminho para buscarmos soluções duradouras. Nesse sentido acatei sugestão do deputado Fernando Gabeira para realizar uma missão precursora à região, já nesta semana - enquanto há cheias -, com o objetivo de preparar a reunião da Comissão.


Solicitei dos reitores das Universidades Federal e Estadual do Maranhão, Natalino Salgado e José Augusto Oliveira, no que fui prontamente atendido, a indicação de dois cientistas ligados à área para comporem o grupo precursor. É imprescindível que, desde o início, a inteligência maranhense participe e internalize institucionalmente tudo o que for debatido e decidido no encontro.

Pedi também ao Dr. Carlos Nobre, que preside a Rede Clima, um amplo colegiado das maiores instituições científicas do país, que indicasse um cientista para essa missão. Dessa forma amarramos as duas pontas do saber mais avançado do país e do nosso Estado. Paralelamente enviei ofício ao SIPAM ( Sistema de Proteção da Amazônia ) para que nos enviasse as séries históricas de sua base de imagens de satélite, com cobertura da Bacia do Mearim, e solicitei que fosse feito estudo específico, utilizando a estrutura de sensoriamento remoto, com o objetivo de analisar causas e impactos das cheias indicando a destruição de matas ciliares, o assoreamento do Mearim e afluentes, avanço de áreas agrícolas e o impacto ambiental das barragens.


Mas o drama dos nossos irmãos maranhenses exige medidas imediatas. Por isso, como presidente do PSDB do Maranhão, procurei em nome de nossa bancada os governadores José Serra, de São Paulo e Aécio Neves, de Minas, que demonstraram sensibilidade e prontamente acionaram as estruturas estaduais para prestarem assistência humanitária. Milhares de mantimentos – colchonetes, filtros, remédios, roupas, calçados, cobertas, água mineral, etc. - além de apoio logístico de bombeiros e da guarda civil, estão minorando a dor dos desabrigados. Em Brasília mantive contato com a secretária Nacional da Defesa Civil, Dra. Ivone Valente, para nos orientar no sentido de ajudar os municípios a formular seus planos emergenciais.


Roberto Rocha é deputado federal PSDB/MA e


Presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

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